segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Dengue cresce mais de 20 vezes em SP

O número de casos de dengue no Estado de São Paulo aumentou quase 2.000%, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quinta-feira, 11. Foram registradas 201.312 mil ocorrências até o mês passado, sendo que em todo o ano de 2009 foram 9.710.
Nunca o Estado teve tantos infectados: o maior índice foi em 2007 com 92.345. O crescimento se deu em todo o País, cujas ocorrências passaram de 489.819 para 936.260, o que significa 91,14% de aumento.
O coordenador do programa nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, afirmou que cerca de 70% dos casos notificados concentram-se nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre.
Para o Ministério, a volta da circulação do tipo 1 da doença contribuiu para o crescimento da dengue. Segundo o governo, em quase todos os Estados, grande parte da população não tem imunidade a esse sorotipo. A dengue tipo 1 predominou no País no fim da década de 1990.
Com relação a São Paulo, a explicação do Ministério é a de que até o ano passado só entravam na estatística as ocorrências confirmadas em laboratório.
Ainda segundo o governo, nesse ano, especialmente na Baixada Santista houve um grande número de casos, mas sem comprovação laboratorial. Em Santos, em 2009, a cidade teve 127 casos confirmados, entre 448 notificações. Até outubro de 2010 a cidade teve 8.035 casos confirmados da doença, com 23 óbitos e 15.643 notificações.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que “o número de casos de dengue no Estado de São Paulo está diretamente ligado à alta incidência de chuvas em 2010, especialmente nos três primeiros meses do ano, aliado às temperaturas elevadas, além da circulação de três diferentes sorotipos (1,2 e 3) no Estado”. Outro argumento da pasta é de que São Paulo tem a maior população entre todos os estados brasileiros.
Dados da secretaria apontam que 80% do total de casos registrados no primeiro semestre deste ano referem-se a 50 dos 645 municípios paulistas.
A Capital também registrou aumento recorde. No ano passado, foram 552 infectados. Neste ano, até junho, o número já chega a 5.644 sendo que o pico foi em abril, com 2.129 ocorrências. Segundo a secretaria municipal de Saúde, no verão houve dias quentes com muita chuva, o que favoreceu o ciclo de vida do mosquito em todo o País – estando São Paulo inserida nesse contexto.
Para o infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Paulo Olzon, não existe critério único no Brasil para fazer diagnóstico de dengue, o que pode provocar esse aumento súbito.
“No Rio de Janeiro, qualquer suspeita era notificada como dengue. Em São Paulo, só era notificado com exame. Isso já dá uma diferença enorme. Como não existe critério único, isso pode servir para algumas manipulações. Posso dizer que tem muita dengue para ter mais recursos para o meu estado. Ou posso dizer que não tem dengue para ter votos. Esse critério tem que ser cobrado”.
Apesar dos números, o Estado de São Paulo não corre risco de epidemia na avaliação do Ministério. O órgão aponta 10 Estados com risco muito alto de epidemia: Amazonas, Amapá, Maranhão, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Rio de Janeiro. Todos eles deverão ser visitados pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
Resultado parcial do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Lira) aponta que 15 municípios estão em situação de risco de surto da doença. Entre eles, duas capitais, Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). Desse total, 11 estão no Nordeste, três no Norte e um na Região Sudeste.
Ontem, ao divulgar os dados, o ministro lançou a Campanha Nacional de Combate à Dengue, com o título ‘Dengue – Se você pode agir, podemos evitar’. “Em algumas regiões, o problema é lixo, em outras é água, em outros tá dentro de casa. Todos os gestores têm instrumentos que vão permitir mapear a situação por bairro”, disse Temporão.
O governo informou que foi destinado R$ 1 bilhão para ações de controle da doença.
Felipe Oda, Mariana Lenharo, Marici Capitelli, Rafael Moraes Moura e Rejane Lima
Mitos e verdades
Posso pegar dengue mais de uma vez?
> > Existem 4 sorotipos de vírus da dengue. Uma pessoa que já teve a doença pode ser picada por um mosquito que transmita um tipo diferente do vírus. Nesse caso, ela poderá desenvolver a doença novamente, com risco até de maior gravidade
As picadas só ocorrem apenas nas pernas?
> > O mosquito realmente prefere a região das pernas, mas se elas estiverem cobertas por roupas ele vai picar o braço ou qualquer outra área do corpo da pessoa que esteja exposta
Misturar água sanitária na água elimina as larvas?
> > A água sanitária é capaz de inibir a evolução das larvas do mosquito. A dose recomendada é a de 1 copo americano de água sanitária para 1 balde de 20 litros de água. A medida, porém, não garante a eliminação de todas as larvas
A dengue não tem tratamento?
> > Não existe nenhum medicamento antiviral específico para combater a dengue, mas a doença tem tratamento. É fundamental a reposição de líquidos, repousar e ter cuidado médico. Nenhum remédio à base de ácido acetilsalicílico pode ser tomado
FONTE: BLOG ESTADÃO

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